quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O papel de um pai

Hoje gostaria de falar sobre alguém que me acompanha nessa trajetória em busca de um filho: o pai do João Pedro! A propósito,  meu marido.

Desde que nossa luta começou, em 2007, muitos foram os desafios que precisamos superar. Perder nossos filhos foi uma dor imensa, sofrida, longa. Após termos a consciência de que eu, realmente, tinha algum problema, foram dezenas de exames, muitas viagens, muita pesquisa, muitas consultas. Meu marido sempre esteve ao meu lado, viajando junto, me fortalecendo, me amparando. Recentemente, em um momento difícil, ele me disse que eu era forte, mais forte que ele. Isso me surpreendeu porque sinto exatamente o contrário. Foi em seus braços que desabei inúmeras vezes. Ele, o Alessandro nunca poupou o mínimo esforço para alcançarmos nosso sonho. Nunca.

Mas, a maior gratidão que sinto por ele é porque ele jamais duvidou que seria possível ou que deveríamos desistir. Em certos momentos, nem eu mesma podia enxergar uma luz no fim do túnel. Meu esposo jamais me deixou pronunciar uma frase de que era melhor desistir. Ele sempre acreditou no impossível e me deu forças para prosseguir.

Lembro-me de nossa última perda, nossa filha Ana. Um dia depois do velório, pela manhã,  fomos ao cartório receber a certidão de óbito. Eu estava completamente destroçada, parecia que nada na minha vida possuia algum sentido. Tinha a sensação de que o céu estava escuro, já não tinha a mesma cor. Depois de esperarmos para sermos atendidos, a funcionária do cartório disse que eu teria prioridade, já que se tratava de um bebê que tinha acabado de nascer (e morrer) e eu estava de resguardo. Meu marido disse a ela que tudo bem, que isso não aconteceria novamente. Nesse momento, perguntei pra ele porque nunca mais iria acontecer. Achei que ele fosse responder que não tentaríamos de novo. Ele respondeu:  "Não vamos mais perder um filho. Da próxima vez, vai ser só certidão de nascimento."

Naquele momento de muita dor, com as imagens recentes de minha filha em um caixão, não tinha forças para nada, para acreditar, para sonhar. Mas, o Alê estava lá.

Hoje moro em Campinas por um período. Larguei minha casa, minha família, amigos, para vir cuidar do meu bebê. Mas, comigo está o Alessandro que também precisou abandonar tudo para nos acompanhar. Ele é meu motorista, meu ouvinte, minha companhia constante.

Em um de nossos momentos, poucas semanas antes de eu descobrir que estava grávida, eu estava falando sobre viajar para Campinas quando engravidasse. Ele me disse:Vou com você no primeiro dia e volto no último. E assim tem sido. Mesmo quando ele descobriu que seu pai havia falecido (quando eu estava com cinco meses de gravidez), ele viajou para Macapá para o sepultamento com o coração partido e voltou no dia seguinte, pois sabia o quanto precisávamos dele aqui.

Sim, há aspectos que poderiam ser diferentes, como marido. Mas, como pai, ele é perfeito. É o melhor que poderia sonhar para o João Pedro. Estou aqui em Campinas, a caminho de um sonho, graças a Deus, acima de tudo. Mas, aqui nessa terra, sei que minha história poderia ter tomado outro rumo, se ele não me apoiasse sempre, sempre.

Fico grata por ter  alguém que sonha e luta ao meu lado (ao nosso lado).

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