Boa noite a todos.
Hoje vou contar uma história bem legal.
Lá vai.
Quando me descobri grávida pela terceira vez, passei a me consultar com um médico que se dizia especialista em gravidez de alto risco.
Pois bem. Ele fez uma cerclagem quando eu estava com 13 semanas de gestação. Tal cerclagem rompeu-se às vinte e uma semanas, o que me fez perder meu terceiro bebê, minha garotinha Ana.
Apesar de tudo, não estava disposta a desistir de ser mãe e em nenhum momento culpei o médico, pois, acreditava que, no momento certo, Deus me daria um filho indepentemente da capacidade profissional de homens. Continuei, portanto, tendo um bom relacionamento com o médico.
O tempo se passou e eu fiz a cerclagem definitiva em Campinas, antes de engravidar. Em razão de ter voltado para Macapá após a cirurgia, eu precisei ir a um médico para consulta de rotina, para ver se tudo ia bem no pós-operatório. E lá fui eu novamente com o tal médico.
Entrei feliz no consultório, dizendo para ele que estava confiante com aquela nova técnica de cerclagem. Foi então que ele passou a falar friamente que, para o meu caso, seria mesmo uma boa idéia tentar ter um filho através de outra pessoa (barriga de aluguel), que "meu útero não era bom" (ipsis literis) e que ainda que aquela cerclagem desse certo, eu tinha inúmeros outros problemas.
Ele disse ainda que sabia que eu queria muito ter um filho, mas, se eu quisesse mesmo tentar uma nova gravidez, eu deveria ter consciência de que poderia não conseguir e novamente perder o bebê.
Ora, será que uma mulher com as minhas condições, havendo perdido TRÊS bebês, não tem consciência do risco? Isso não é óbvio? Será que não passava pela cabeça dele que meu desejo era maior do que meu medo? (E olha que meu medo era tão grande!)
Bom, felizmente, o que não me mata, me fortalece.
Junho de 2011, descobri que estava grávida (do João). No supetão, precisava ir a um médico para iniciar o pré-natal. Lá fui eu com o médico. E ele, novamente, foi frio comigo. Eu estava feliz, apesar de saber da luta que viria pela frente. E ele me disse algumas coisas, dentre elas, que eu precisava fazer acompanhamento psicológico, assim como meu esposo e minha mãe que "ficavam muito nervosos quando algo acontecia comigo".
Estava claro que ele não me queria como paciente e, se pudesse, pediria para eu não mais ali voltar. Bem que ele poderia tirar aquela placa de "gravidez de alto risco" da porta. Afinal, ele não queria as pacientes "complicadas". Ele diria para sua esposa desistir? Diria para sua filha?
Um profissional da saúde não pode ser tão descrente, duvidar do impossível, dos milagres de Deus. Nenhuma profissão deveria ser mais humana do que a medicina e as pessoas buscam por saúde, por cura e buscam um médico no intuito de encontrar alguém que as ajude.
Decidi não voltar mais com aquele médico e assim o fiz. Não nos vimos mais. Ele, certamente, deve ter pensado que eu desapareci porque já deveria ter perdido o bebê. Sempre falava para meu esposo e alguns amigos que gostaria de ver a "cara" dele quando me visse com o João no colo. E esse dia chegou.
Estávamos (ontem) no aeroporto de Guarulhos/SP e eu, repentinamente, pedi ao meu esposo para tirar fotos minhas com o João no colo. E fiz várias poses com um sorriso largo nos lábios. Meu ângulo de visão periférica pôde percerber que alguém estava me olhando o tempo todo. Mas, não me dei ao trabalho de olhar, pois, em uma cidade diferente, não deveria ser alguém conhecido.
Quando, finalmente, decidi olhar para a pessoa que me olhava, adivinhem!? Quem? Quem? Quem? Ele: o Dr. A... (Uhhh, quase falei o nome, rsrs)
Ele sorriu e acenou com a mão, mas eu fiz questão de ir até ele. Ele me perguntou se era o meu filho e eu respondi: "Sim, é o meu filho. Veja". Ele disse que, finalmente, eu havia conseguido e ele estava feliz por isso.
Eu não parei de sorrir por nenhum segundo durante nosso breve diálogo. E, sorrindo, pedi licença para me retirar.
No aeroporto em Brasilia (conexão), sentei na sua frente e ali amamentei meu João. Uma cena que, acredito, ele pensou que jamais veria.
Ele poderia fazer parte dessa história de sucesso. Escolheu se retirar.
Há pessoas que não gostam de desafios, que acreditam que o caminho mais fácil é o caminho da desistência, do derrotismo, do conformismo. O medo delas e a certeza da derrota são tão grandes que escolhem não acreditar.
Há um Deus que faz o impossível acontecer. Este é o meu Deus.
A cara de bobo do meu EX-MÉDICO:
NÃO TEM PREÇO!
(Acima, algumas das tais fotos)